E foi a frase do meu tio que me fez desabar em lágrimas: "Tchau Dona Guigui."
Minha avó faleceu hoje e apesar do apelido seu nome era Nelza. Não sabemos porquê, é mais uma daquelas coisas de criança, quando o meu primo/afilhado começou a falar acostumou-se a chamá-la de Guigui, não há nenhuma relação do nome com o apelido mas o adotamos.
Eu passei bem na parte do hospital, ouvi a médica dizer que fizeram de tudo mas infelizmente não conseguiram reanimá-la, mas quando eu estava no cemitério e a vi dentro do caixão, eu fiquei desnorteada, sentei em uma cadeira solitária e assim passei as horas, olhando para o nada sem dizer uma palavra, as vezes soltava algumas lágrimas silenciosas, eu não queria abraços e nem ninguém perto de mim, estava eu e minhas lembranças. Até que na hora de fechar o caixão para levá-la, meu tio deu adeus a Dona Guigui, eu lembrei dos meus primos ainda crianças, lembrei dos momentos mais recentes e chorei o choro doído.
Eu acredito que aqui é apenas uma passagem, a verdadeira vida está em outro lugar e sei que ela está bem mas não consigo evitar de ser humana, de chorar a saudade, as lembranças, a falta que ela irá fazer.
Ela não era perfeita mas apesar de todos os pesares, conseguia dar risada quando alguém fazia algo engraçado e era uma risada verdadeira. Quando eu era criança, ela me fazia balinhas de açúcar com limão, preparava comidas gostosas e inventadas, deixava eu brincar de fazer comidinha e me ensinou a tomar café com leite. Ela também fazia as suas gracinhas, foi brincar de dentista com meu irmão e ele não sabia que ela usava dentadura, então tá ele lá com um aparelho de brinquedo e ela começa a colocar os dentes para fora, o menino arregalou os olhos assustado.
Vou escrever aqui uma imagem bem crua de como ela morreu. Minha avó fumava desde adolescente e nunca teve força de vontade para parar, a idade chegou e com ela vieram as complicações, bronquite asmática, pneumonia e enfisema pulmonar, essas doenças caracterizam o que os médicos chamam de DPOC (Disfunção pulmonar obstrutiva crônica ), ou seja, o pulmão estava virando pedra. Além disso, a pele estava extremamente ressecada e sensível, qualquer pancadinha deixava uma marca roxa-preta e qualquer arranhão fazia uma ferida, eu mesma sem querer arranhei o seu braço, o que deixaria uma marca vermelha, no caso dela arrancou pele. Ela faleceu no hospital ao ser entubada mas antes disso sofreu tentando respirar, eu a vi desacordada e tremendo para conseguir puxar algum ar. Se não fosse o cigarro ela estaria viva e muito bem, todos os exames dela tiveram um ótimo resultado, nada de pressão alta ou baixa, glicose, diabetes, nada, apenas a morte lenta por conta do cigarro.
Depois de passar por isso na família e ver a minha avó morrer lentamente e de um modo sofrido, só posso considerar burro e estúpido quem decide começar a fumar, a não ser que seja um suicida masoquista. Quem já tem o vício, então procure ajuda médica, masque chicletes, cole adesivos, o que for, mas não maltrate os seus pulmões assim.
2 comentários:
"OS AMORES QUE SE VÃO, CONTINUAM A NOS AMAR NÃO IMPORTANDO O TEMPO.
ZELOSOS, PROSSEGUEM VELANDO POR NÓS E DE FORMA SUTIL SE FAZEM PRESENTES EM NOSSAS VIDAS.
PELOS FIOS INVISÍVEIS DA ORAÇÃO É POSSÍVEL SENTIR-LHES O CARINHO E A MANSIDÃO DA VOZ NOS DIZENDO QUE CHEGARAM BEM E QUE NOS AGUARDARÃO NO TEMPO PACIENTEMENTE PARA O DELICADO REENCONTRO"
Meus sentimentos, tb passei por isso na semana passada e sei como é...
Odeio cigarro também!
Como vc disse no orkut... A saudade é a certeza de que o passado deu certo... E agora, no futuro, mais um anjo la no Céu estará a olhar por você, torcer e interceder por você...
Não digo Tchau... Digo Até Logo Dona Guigui...
Amo você e sua dor é minha dor... Divida essas lagrimas comigo...
E te por inteiro um sorriso meu...
Bjos
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